top of page

GIL E A GLOBALIZAÇÃO

CONTEÚDO:

-GEOGRAFIA

-SOCIOLOGIA

Arte na História

O grande Gilberto Gil tem músicas incríveis que podem se relacionar com muito dos conteúdos que estudamos para o nosso vestibular. Entre tantas, escolhemos duas que fazem uma forte alusão a globalização mundial e suas consequências. 

Parabolicamará mostra um mundo que vem evoluindo( sociedade que se desenvolve e se misturam entre meios de comunicação, cultura e costumes, num fenômeno chamado GLOBALIZAÇÃO, o que nos leva à outra canção(Pela Internet), que fala das facilidades do ser humano com a internet para com o mundo.

em breve mapa mental

PARABOLICAMARÁ

Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena parabolicamará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

Antes longe era distante
Perto, só quando dava
Quando muito, ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes, den de casa, camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade 
De saveiro leva uma encarnação

Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia que o balaio ia escorregar
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça 
Nem tá preso nem foge
No instante que tange o berimbau, meu camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo da volta, camará

De jangada leva uma eternidade 
De saveiro leva uma encarnação
De avião, o tempo de uma saudade

Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico, Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino apresentar
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

PELA INTERNET 

Criar meu web site 
Fazer minha home-page 
Com quantos gigabytes 
Se faz uma jangada 
Um barco que veleje 

Que veleje nesse infomar 
Que aproveite a vazante da infomaré 
Que leve um oriki do meu velho orixá 
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé 

Um barco que veleje nesse infomar 
Que aproveite a vazante da infomaré 
Que leve meu e-mail até Calcutá 
Depois de um hot-link 
Num site de Helsinque 
Para abastecer 

Eu quero entrar na rede 
Promover um debate 
Juntar via Internet 
Um grupo de tietes de Connecticut 

De Connecticut acessar 
O chefe da milícia de Milão 
Um hacker mafioso acaba de soltar 
Um vírus pra atacar programas no Japão 

Eu quero entrar na rede pra contactar 
Os lares do Nepal, os bares do Gabão 
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular 
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

TEXTO DO GIL SOBRE A CANÇÃO PARABOLICAMARÁ:

"Eu queria fazer uma canção falando dos contrastes entre o rural e o urbano, o artesanal e o industrial, usando um linguajar simples, típico de comunidades rudimentares, e uma cadência de roda de capoeira. Aí, compondo os primeiros versos, quando me ocorreu a palavra 'antena' - seguida de 'parabólica' - para rimar com 'pequena', eu pensei em 'camará' [palavra usada comumente nas cantigas de capoeira como vocativo] para completar a linha e a estrofe. Como 'parabólica camará' dava um cacófato, eu cortei uma sílaba 'ca' e fiz a junção das palavras, criando o vocábulo 'parabolicamará'. Uma verdadeira invenção concretista; uma concreção perfeita em som, sentido e imagem. Nela, como um símbolo, vinham-me reveladas todas as interações de mundos que eu queria fazer. Aí se tornou irrecusável prosseguir e, mais, fazer daquilo um emblema do conceito, não só da canção, mas de todo o disco (Parabolicamará)." 

"Em Parabolicamará pus o tempo existencial, psíquico, em contraposição ao tempo cronológico - a eternidade, a encarnação e a saudade à jangada e ao saveiro - e estes dois ao avião -, para insinuar o encurtamento do tempo-espaço provocado pelo aumento da rapidez dos meios de comunicação física e mental do mundo-tempo moderno e das velocidades transformadoras em que vivemos. Pus também o tempo sub-atômico, da partícula, da subfração de tempo; do átomo de tempo - cuja imagem mais representativa é exatamente a correção equilibradora que a Rosa faz com o balaio. E pus por fim o tempo da morte, o tempo-corte, o tempo que corta, ceifa, o tempo-foice, onde alguma coisa é e de repente foi-se, lembrando - na citação dos caymmianos Chico, Ferreira e Bento - a morte do meu filho: a situação, segundo se imagina, de ele meio sonolento no volante do carro sendo subitamente assaltado pelo evento acidental que o levaria à morte." 

O geógrafo Milton Santos(1926-2001) foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros. Trabalhou em universidades e organizações internacionais em diferentes países, como Canadá, Venezuela, Estados Unidos e Tanzânia. No Brasil, atuou como professor titular e pesquisador da Universidade de São Paulo(USP). Seus estudos são diversificados e abordam principalmente urbanismo, espaço, subdesenvolvimento, geografia, globalização e urbanização. Entre muitos livros que escreveu destaca-se A Natureza Do Espaço (1996), no qual reinventa os conceitos de centro e periferia e define o caráter sociológico do espaço e a força política do lugar.

Limitada pela dinâmica de expansão do capitalismo, a globalização muitas vezes ratifica a Divisão Internacional do Trabalho (DIT) vigente no mundo, na qual o Estados Unidos e a Europa ocidental são os principais beneficiários do trabalho desempenhado por diversos povos e países do cenário mundial.

bottom of page